A cabana – um olhar (psicólogico e pessoal) sobre o filme

Nesse fim de semana resolvi ir ao cinema com alguns amigos para assistir “A cabana”. Após uma longa fila, devorar o balde de pipocas, nessa fila, adentrei ao cinema, e como de costume, não

enxerguei direito a marca do meu assento e sentei-me no assento de outra pessoa, até ser gentilmente lembrado por uma senhora de “ótimo humor”: Arreda! Bom… após essa intimação

proparoxitona, coloquei-me em meu lugar correto para “adentrar à cabana”.

Ops…não será  minha intenção contar aqui o filme, aliás, considero uma tremenda indelicadeza, uma vez que muitos de meus leitores o assistirão, mas, não posso deixar de explorar a sua riqueza

para pensarmos, além de inúmeras questões, na que escolhi para vocês, o luto.

O luto é composto por 05 fases, conforme Elisabeth Kubler-Ross,

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O caminho percorrido pelo ator principal do filme, Sam Worthington, nos remete às fases que uma pessoa pode vivenciar estando enlutada. O momento da negação,

onde o não aceitar, não desejar saber, negar de forma consciente ou não um fato ocorrido. A raiva, estado de desarmonia psíquica frente ao que lhe fora retirado,

citando, por exemplo, a morte de uma pessoa querida, a perda de um emprego ou da saúde, entre outros. A negociação, ou barganha, afim de tentar buscar uma

compensação, restituição, voltar ao  como era antes do fato ocorrido. A depressão, vinda geralmente do encontro com a falta, com a própria questão existencial de não

haver garantias de uma vida feita apenas como um “mar de rosas”, e por fim a resiliência. Estado de aceitação da nova condição. 

Para aqueles que assistiram ao filme esse caminho percorrido pelo protagonista ficará claro se ligarmos as fases aos fatos, que, de forma muito breve, como disse anteriormente, buscarei elucidar aqui:

Negação: Após o fato (tragédia) o protagonista se isola do convívio com seus pares, não tocando no assunto e não gerando abertura para ser falado.

Raiva: Fase que o acompanhou até próximo ao final do filme e que se apresentou inúmeras vezes.

Negociação: Os sonhos (experiências) do protagonista eram marcados negociações constantes.

Depressão: Nas fases do luto, a depressão precisa ser entendida como momentos de tristeza e melancolia, não se tratando da doença em si, a não ser que haja concomitantemente a mesma. No

filme o protagonista passa por essa fase em vários momentos, desde o início , onde se apresenta como uma pessoa triste e apática, como em momentos  após, entremeados de tristeza pela

perda fatídica.

Resiliência: O momento do perdão. Uma cena belíssima onde o sentido da resiliência se dá de modo a abrir os olhos para a ressignificação da existência. Nesse momento, “as portas do céu se

abrem”… literalmente.

A Cabana teve para mim um sentido único, e acredito que esse foi o real propósito, fazer com que cada uma das pessoas que a ela fosse, seguisse junto o trajeto até a mesma. Todos nós temos

e tivemos momentos em que nos sentíssemos sem lugar, desamparados, perdidos, como se no meio de uma floresta congelada, com frio, sem companhia, ou sem àquela companhia querida.

Todos os dias somos levados a dar adeus a certezas, pessoas e caminhos, carregamos o peso da falta de respostas, choramos o passado não vivido ou vivido intensamente. Ansiamos dias melhores,

sem falsidade, egoísmo e violencia. Desejamos uma casa melhor, amigos melhores, famílias mais agregadoras, amores mais amáveis…

A experiência relatada pelo filme indica uma  caminho à todas as inquietudes, lutos e incertezas que passamos nessa nossa estada no planeta azul:

O nome dele é TEMPO. Esse senhor que anda de mãos dadas com Deus e que leva consigo uma maleta de remédios chamados ENTENDIMENTO.

Sejamos cientes de que, como dito no filme… não há e nunca haverá uma vida vivida sem dor, mas para cada dor, teremos sempre a oportunidade de,

medicados pelo tempo, em busca do entendimento, teremos sempre duas cabanas à nossa espera, saibamos escolher em qual delas acampar nossas almas.

 

Contextualizando o filme, a canção “Se eu quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil, para mim, tem também o caminho para nos levar à “cabana”.

Abraços,

Angelo Lima

 

 

 

 

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